Eu estava feliz com aquela nova vida
mas eu sei que problemas viriam mais cedo ou mais tarde...
Eu estava sentada nos degraus
conversando com Carlos:
-Você ainda não viu o Henrique né?
-Graças a deus não!
-É melhor você ir logo falar com ele...
-Porque?
-Imagina, ele te vê com essa barriga,
depois de estar morando faz um tempinho aqui e ainda ele sendo o pai? Isso não
é bom!
-Que se dane! Eu cuidarei do meu filho
sozinha!!
-Não importa amoreco, ele tem que saber
de qualquer jeito e você terá que enfrentar seja qual for sua reação!
- Eu não estou pronta-eu choraminguei
.-Quero entrar , já estou me incomodando com essa posição vamos nos sentar lá
dentro?
-Sim amore!!!
Ele me ajudou a levantar “eu não
precisava, mas...” e me sentou na cadeira.
-Aiiii, se vai começar a estudar mesmo?
-Claro! Eu to gravida não morta!
-Mas daqui uns dias você vai entrar de
licença maternidade né?
-Mesmo assim, não gosto de ficar
sozinha em casa...
-Entendo.
Carlos ficou comigo à tarde
inteira...sempre sendo bobo como sempre mas sempre sendo meu amigo fiel!
Os dias se passavam...e eu já estava
acostumada a andar pela cidade sozinha...
Foi a casa de Camilla ela me convidou,
depois de resolver o mal-intendido ela se tornou uma grande amiga.
-Oi!-eu disse sorridente.
-Oi gravidinha.
Passou a mão na minha barriga, “ porque
todo mundo faz isso?”
-Oi sobrinha!! Tá crescendo essa
barriga hein?
-Não exagera, quase não da pra ver.
-Claro que dá!
-Então porque não deram acento no
ônibus?
Ela riu:
-Você é boba hein? Meu deus!!
Nos rimos.
-Amanhã vai ser seu grande dia né? Ir
pra escola!
-Nossa que “grande dia” o que! Grande
dia vai ser quando eu ver o rostinho do minha princesa!
-Ou príncipe neer?
-É...
Eu não queria que fosse um menino,
porque poderia ser o Henrique em miniatura, mas seja o que Deus quiser...Fiquei
um pouco lá e depois foi embora.
Passei pela praça, senti uma tontura de repente e resolvi me sentar.
-Você está bem?-perguntou algum rapaz,
não vi seu rosto pois eu estava de cabeça abaixada.
-Estou.-quando levantei a cabeça, um
baque.
-Emilly?
-Henrique?
-O que você faz aqui? Você está
grá...gravida?
-Eu me mudei pra cá.
-A quanto tempo?
-Faz algum tempo.
-E você não me procurou...mas isso não
me surpreende.Nem se despedir você veio.Parece que já arrumou uma barriga?
-Cala a boca-eu disse já chorando.-Parece
que eu vou ter que te contar.
-Então comece.
-Aconteceram tantas coisas algumas não
tão boas...eu tentei me despedir de você mas não consegui e parti...nas
primeiras semanas da minha partida eu recebi a noticia que meu pai morreu em um
acidente...-ele me cortou.
-Seu pai?
-Não me corte, por favor, eu fiquei
desolada mas tive que seguir em frente...só que eu acabei me descobrindo
grávida...agora pense...
-Você está me dizendo que eu sou o pai?
-Eu não estou dizendo nada...só estou
contando a história, agora entenda como quiser.
Eu dei alguns passos mas ele me
segurou:
-Espere!Você vai me contar essa
história direitinho!
-Me solta! Eu já disse tudo que tinha
que contar, agora é por sua conta.
-Não! É conta de nois dois.
-Nois dois? Você é patetico! Eu
enfrentei tudo sozinha até agora, você não vai ganhar meu merito.
-Essa criança é seu merito?
“Essa criança, naquele momento eu
entendi, essa criança era só minha, verdadeiramente pois ele não a
considerava...”
- Volte pra sua vidinha! E não
interfira na minha.
-Eu vou descobrir tudo.
“Descobrir? O que ele está falando?Não
importa eu não vou deixar ele interferir na minha vida!”
Sai de lá pisando forte...
Cheguei em casa desabei,chorei rios de
lágrimas e tentei me lembrar porque dele ser o pai , “porque ele”.
Acabei adormecendo entre minhas
lágrimas.